Brasileiros de Hoje

 

TRABALHO DE HÉRCULES

Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(Artigo de 27.10.11 - MM)

 

Na mitologia grega ficou famosa a saga do herói Herácles ou Hércules, autor dos famosos doze trabalhos que teve de executar, todos eles de quase impossível concretização. Um deles foi a limpeza das cavalariças do Rei Augias, o qual foi feito com o desvio de curso de dois rios. A situação atual do Brasil é digna de uma décima terceira tarefa dele. De fato, para colocar o país nos trilhos somente um milagre.

 

Para concretizar nossa análise, reportamo-nos ao excelente seminário realizado no sábado p.p., durante todo o dia, na Academia Brasileira de Defesa. Tivemos como palestrantes o governador de Roraima, Sr. José de Anchieta, o deputado federal Paulo César Quartiero, a Profª antropóloga Maria Helena Wesley e o Embaixador Marcos Côrtes. Com exceção do governador que fez uma competente palestra sobre sua administração, expondo as políticas e estratégias adotadas, realizações e óbices, sem poder, por razões óbvias, aprofundar o relato das pressões existentes, os outros conferencistas demonstraram, com uma franqueza chocante, a perigosa situação vivenciada pelo nosso povo.

 

O deputado colocou um vídeo mostrando o massacre, inteiramente inconstitucional, feito contra brasileiros por uma verdadeira SS tupiniquim, na ocasião da invasão ilegal da região Raposa/Serra do Sol. Em um dos filmes aparece um deputado federal denunciando ter participado de reunião com um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), na qual o ministro afirmara ser impossível a demarcação em área contínua da região, devido à “coincidência” entre as terras demarcadas pela FUNAI e a existência nos mesmos locais de riquezas minerais incomensuráveis. E apesar disto, o Brasil perdeu por dez a um no julgamento. O que ocorreu para mudar o pensamento dos membros da mais alta Corte do país?

Além disto, falece à FUNAI competência para decidir como partilhar o território brasileiro, a seu bel prazer, sob a evidente orientação de interesses alienígenas. O parlamentar anunciou, contudo, que a guerra não está inteiramente perdida, pois já está em pleno curso a campanha pela revisão imediata do crime perpetrado pela administração petista, com amplo apoio do povo de Roraima, o maior prejudicado. As terríveis imagens mostradas de nossos compatriotas, residentes há décadas na região, muitos descendentes e casados com indígenas, trabalhadores honestos, os quais viviam decentemente, serem expulsos com uma violência sádica e brutal por esbirros da ditadura socialista nascente, para sobreviverem agora como marginais nas favelas de Boa Vista chocaram e emocionaram a todos os presentes.

Idosos, com passos trôpegos, procuram sustento trabalhando em tarefas humildes, ao contrário dos atuais detentores do poder político, os quais lotearam a administração pública em feudos, comandados por verdadeiras quadrilhas organizadas, com “casco duro”, lutando para não perderem suas sinecuras, em um tsunami de corrupção nunca visto na história do país. Pune-se o cidadão honesto e trabalhador, submetido a uma escorchante carga tributária, explorado em especial pelas grandes empreiteiras e grupos financeiros, sem receber a contrapartida devida sob a forma de prestação dos serviços coletivos, de responsabilidade dos entes federados em seus três níveis. Premia-se o corrupto e o corruptor, sob a presunção do ingênuo argumento de que todos são inocentes até prova em contrário, quando todas as evidências demonstram os delitos cometidos.

 

A antropóloga Maria Helena proporcionou uma lição para não ser esquecida, provando que o trabalho científico deve partir da ótica de nossa civilização e não ser alterado em função das características específicas. Ou seja, o índio e outros são antes de tudo brasileiros e devem ser entendidos como tal e não com uma visão zoológica, do período da pedra polida.

 

O embaixador Côrtes proferiu uma conferência digna de ser inserida definitivamente nos anais do verdadeiro Itamaraty para todos os tempos, demonstrando com sua cultura, inteligência, coragem e patriotismo, qual a função de um diplomata e a missão do Itamaraty, que deve servir ao Estado e não a um governo eventual. Os participantes do Seminário foram obrigados, naturalmente, a fazer uma comparação inevitável entre a dimensão do conferencista, bem como de sua exposição e os atos dos atuais dirigentes do ministério das Relações Exteriores. Foi de causar pena a realidade brasileira. Tudo de errado que está sendo feito e aquilo que deveria estar sendo concretizado e não é. São sucessivos crimes de lesa pátria.

 

Foram abordados temas da maior relevância. Impossível mencionar a todos neste curto espaço. Mas o principal foi a explicação sobre a tragédia havida no lançamento do VLS em Alcântara em 2003 onde, além da destruição do nosso vetor, pereceu a nata da inteligência brasileira no campo científico da área, atrasando por décadas nosso desenvolvimento e ceifando a vida de brasileiros honrados, competentes e trabalhadores. O relato sensibilizou a todos, em especial considerando-se a hipótese de ter havido sabotagem por parte de agentes estrangeiros.

 

É preciso que algo seja feito. Os bandidos não podem ganhar sempre.

 

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